terça-feira, 3 de julho de 2012

Mídia e oposição brasileira ignoram importância estratégica da Venezuela no Mercosul


A decisão dos países integrantes do Mercosul de suspender o Paraguai e permitir a entrada da Venezuela tem tirado o sono de estratos ligados à ideologia neoliberal no Brasil. 

 Antes, ferrenhos críticos do acordo bilateral, estabelecido entre o Brasil e o país vizinho, que aumentou os valores estabelecidos no Tratado de Itaipu para os pagamentos por cessão de energia, agora, ardorosos defensores do parlamento paraguaio, a oposição e a mídia conservadora brasileira resolveram eleger este último como o mais novo paladino da democracia na América do Sul. Primeiro, porque postergou ao máximo a aprovação da entrada da Venezuela no bloco, depois pela responsabilidade na deposição relâmpago do presidente Fernando Lugo.

 Não se pode esquecer, entretanto, que essa mesma oposição, insuflada pela conivência de parte da mídia, sempre tratou com desdém o Paraguai, como, também, a Bolívia, quando da questão da estatização do gás boliviano. E pretende, hoje, banalizar a inclusão da Venezuela como mera decisão pró Hugo Chaves.

 Indiferente a essas manchetes oportunistas, o governo Dilma, tal qual fez o governo Lula, vem pautando a política externa pela a defesa da democracia e respeito aos países vizinhos. O Protocolo de Adesão da Venezuela ao Mercosul não é apenas algo que vem ao encontro da política defendida por Lula e Dilma. É um evento maior, de interesse dos Estados, independentemente dos governantes que estejam no poder em determinado momento histórico.

 A política externa brasileira, sempre pragmática, apoiou a entrada no Mercosul de um grande parceiro econômico. No ano passado as exportações do Brasil para a Venezuela somaram US$ 4 bilhões e 591 milhões, contra US$ 1 bilhão e 270 milhões de importação, perfazendo um superávit comercial de US$ 3 bilhões e 321 milhões.

 Já há algum tempo o Brasil e a Venezuela vêm estreitando as suas relações. A complementariedade entre as economias tem sido benéfica aos dois países. A Venezuela, autossuficiente em petróleo e gás natural, é deficiente em alguns setores industriais importantes, como máquinas, automóveis e bens de capital, que podem ser fornecidos pelo Brasil. Por outro lado, a integração com a Venezuela favoreceria o equacionamento das nossas necessidades energéticas, possibilitaria um maior desenvolvimento da região amazônica e criaria um corredor de exportação para o Caribe e Estados Unidos. 

 Fruto de um racionalismo e um pragmatismo inerente à política externa brasileira e da bandeira de integração dos países latino-americanos, empunhada pelo Partido dos Trabalhadores, o apoio ao ingresso da Venezuela no Mercosul foi uma decisão sensata e necessária, que olha para o futuro e para o desenvolvimento da América do Sul, e que vai muito além da visão míope e rasa de pessoas comprometidas com o passado e acostumadas a não aprofundar o debate. A importância estratégica da Venezuela no bloco, entretanto, é ignorada por boa parte da mídia brasileira e dos chamados “formadores” de opinião.

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