A decisão dos países integrantes do
Mercosul de suspender o Paraguai e permitir a entrada da Venezuela tem tirado o
sono de estratos ligados à ideologia neoliberal no Brasil.
Antes, ferrenhos críticos do acordo
bilateral, estabelecido entre o Brasil e o país vizinho, que aumentou os
valores estabelecidos no Tratado de Itaipu para os
pagamentos por cessão de energia, agora, ardorosos defensores do
parlamento paraguaio, a oposição e a mídia conservadora brasileira resolveram
eleger este último como o mais novo paladino da democracia na América do Sul.
Primeiro, porque postergou ao máximo a aprovação da entrada da Venezuela no
bloco, depois pela responsabilidade na deposição relâmpago do presidente Fernando
Lugo.
Não se pode esquecer, entretanto, que
essa mesma oposição, insuflada pela conivência de parte da mídia, sempre tratou
com desdém o Paraguai, como, também, a Bolívia, quando da questão da
estatização do gás boliviano. E pretende, hoje, banalizar a inclusão da
Venezuela como mera decisão pró Hugo Chaves.
Indiferente a essas manchetes
oportunistas, o governo Dilma, tal qual fez o governo Lula, vem pautando a política
externa pela a defesa da democracia e respeito aos países vizinhos. O Protocolo
de Adesão da Venezuela ao Mercosul não é apenas algo que vem ao encontro da
política defendida por Lula e Dilma. É um evento maior, de interesse dos Estados,
independentemente dos governantes que estejam no poder em determinado momento
histórico.
A política externa brasileira, sempre
pragmática, apoiou a entrada no Mercosul de um grande parceiro econômico. No
ano passado as exportações do Brasil para a Venezuela somaram US$ 4 bilhões e
591 milhões, contra US$ 1 bilhão e 270 milhões de importação, perfazendo um
superávit comercial de US$ 3 bilhões e 321 milhões.
Já há algum tempo o Brasil e a
Venezuela vêm estreitando as suas relações. A complementariedade entre as
economias tem sido benéfica aos dois países. A Venezuela, autossuficiente em
petróleo e gás natural, é deficiente em alguns setores industriais importantes,
como máquinas, automóveis e bens de capital, que podem ser fornecidos pelo
Brasil. Por outro lado, a integração com a Venezuela favoreceria o
equacionamento das nossas necessidades energéticas, possibilitaria um maior
desenvolvimento da região amazônica e criaria um corredor de exportação para o
Caribe e Estados Unidos.
Fruto de um racionalismo e um
pragmatismo inerente à política externa brasileira e da bandeira de integração
dos países latino-americanos, empunhada pelo Partido dos Trabalhadores, o apoio
ao ingresso da Venezuela no Mercosul foi uma decisão sensata e necessária, que
olha para o futuro e para o desenvolvimento da América do Sul, e que vai muito
além da visão míope e rasa de pessoas comprometidas com o passado e acostumadas
a não aprofundar o debate. A importância estratégica da Venezuela no bloco, entretanto,
é ignorada por boa parte da mídia brasileira e dos chamados “formadores” de
opinião.
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