No artigo abaixo, o deputado Cândido
Vaccarezza (PT-SP) aborda os desafios para o estabelecimento de um Código
Florestal que concilie os interesses do meio ambiente com a produção agrícola. Ele
lamenta o fato de os partidos de oposição terem se alinhado aos
ruralistas mais radicais para impor uma derrota ao governo, durante a
tramitação da matéria, no primeiro semestre. Agora, ele aposta no diálogo para
que seja aprovada a Medida Provisória 571, em tramitação na Câmara dos
Deputados. Leia a íntegra do artigo:
“ O plenário da Câmara pode votar
ainda esta semana a medida provisória que regulamenta o novo Código Florestal.
Acordo fechado na comissão especial deve encerrar uma disputa entre
ambientalistas e produtores rurais que se arrastava no Congresso há pelo menos
13 anos. Além de uma legislação ambiental equilibrada, a decisão nos oferece
importantes lições. Num tema historicamente contaminado pelos fundamentalismos,
cada lado cuidou de afirmar suas posições sem dar espaço para o diálogo. O
setor rural reclamava mudanças na legislação que tirassem os produtores da
ilegalidade, enquanto os ambientalistas exigiam garantias para o meio ambiente.
Os dois lados estavam certos.
Segundo o Banco Mundial, a partir de 2050 será preciso elevar em 80% a atual produção mundial de alimentos para abastecer toda a população. Ao mesmo tempo, as mudanças climáticas provocadas pelas agressões ao meio ambiente já comprometem a produtividade de várias lavouras, conforme alerta da Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação (FAO). O Brasil está no centro desse desafio. É o país com maior potencial de aumento na produção de alimentos e ao mesmo tempo detém as maiores reservas naturais do planeta.
Coube ao Congresso o papel de interferir para mediar o debate e conciliar as visões dos dois grupos. Infelizmente, reduziram a discussão do novo Código Florestal a uma disputa política. Os partidos de oposição se alinharam aos ruralistas mais radicais para impor uma derrota ao governo. A matéria acabou sendo vetada.
O assunto voltou na forma da medida provisória. Ficou claro, dessa vez, que não estava em jogo a vitória do governo ou da oposição, mas a necessidade de escrever uma lei ambiental adequada para o país. Nem permissiva a ponto de ameaçar nosso patrimônio natural; nem restritiva a ponto de inviabilizar o setor produtivo. Após concessões de lado a lado, chegou-se a um entendimento sem precedentes entre os setores ligados ao meio ambiente e à produção rural.
Segundo o Banco Mundial, a partir de 2050 será preciso elevar em 80% a atual produção mundial de alimentos para abastecer toda a população. Ao mesmo tempo, as mudanças climáticas provocadas pelas agressões ao meio ambiente já comprometem a produtividade de várias lavouras, conforme alerta da Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação (FAO). O Brasil está no centro desse desafio. É o país com maior potencial de aumento na produção de alimentos e ao mesmo tempo detém as maiores reservas naturais do planeta.
Coube ao Congresso o papel de interferir para mediar o debate e conciliar as visões dos dois grupos. Infelizmente, reduziram a discussão do novo Código Florestal a uma disputa política. Os partidos de oposição se alinharam aos ruralistas mais radicais para impor uma derrota ao governo. A matéria acabou sendo vetada.
O assunto voltou na forma da medida provisória. Ficou claro, dessa vez, que não estava em jogo a vitória do governo ou da oposição, mas a necessidade de escrever uma lei ambiental adequada para o país. Nem permissiva a ponto de ameaçar nosso patrimônio natural; nem restritiva a ponto de inviabilizar o setor produtivo. Após concessões de lado a lado, chegou-se a um entendimento sem precedentes entre os setores ligados ao meio ambiente e à produção rural.
Com apoio
de quase todos partidos, a negociação permitiu superar as duas principais
divergências—a recomposição de áreas de preservação permanente (APPs) de
margens de rio para pequenos e médios proprietários e a conversão das multas
para quem desmatou irregularmente áreas de preservação.
Nesse
caso, os produtores terão de se inscrever nos programas de regularização
ambiental a serem instituídos pelos estados. A reforma do código florestal
pretendeu solucionar um dilema que ultrapassa nossas fronteiras: como será
possível enfrentar a fome no mundo (hoje e no futuro) e proteger o meio
ambiente? Podemos dizer que nenhum país até hoje conseguiu responder a isso. O
Brasil, agora, poderá assumir a vanguarda da economia verde.
Além de superar um desafio tão complexo, todo esse processo deixa duas grandes lições. Primeira, os obstáculos para as grandes reformas que o país precisa implementar, por maiores que sejam, podem ser superados. Segunda, a de que, para isso, é preciso valorizar o diálogo. A construção do consenso é o melhor caminho para as mudanças. Esse é o papel do Congresso Nacional.
Além de superar um desafio tão complexo, todo esse processo deixa duas grandes lições. Primeira, os obstáculos para as grandes reformas que o país precisa implementar, por maiores que sejam, podem ser superados. Segunda, a de que, para isso, é preciso valorizar o diálogo. A construção do consenso é o melhor caminho para as mudanças. Esse é o papel do Congresso Nacional.
(Artigo
publicado no Jornal Brasil Econômico em 4/9/12)
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