sexta-feira, 6 de novembro de 2009

Maria da Conceição Tavares, a crise e o Brasil

Maria da Conceição Tavares, pessimista com os Estados Unidos e o mundo, tem crítica menos dura para o Brasil, “que vai bem na crise”. A avaliação que faz do governo Lula: "Muito boa. Esta é a minha avaliação e de 70% da população. Na verdade, só a classe média dita ilustrada e a grande imprensa são contra. Contra também não sei o quê. Caiu a inflação. Portanto, mantiveram a política econômica dura que diziam que não iam manter, mas mantiveram. Contra meu ponto de vista. Perdi a parada, mas fico contente que tenha perdido, porque naquela altura ia ser complicado. Como estava tudo fora do lugar, era muito ousado fazer uma política alternativa no início do primeiro mandato".

Diz ainda que o governo Lula fez o correto na área de infraestrutura, contemplando obras nas regiões Norte e Nordeste, como a ferrovia Transnordestina, a Norte-Sul, a transposição do rio São Francisco e portos. "O PAC é uma seleção de projetos muito pesada e muito boa, de que não convém desviar. Também acertaram na política social, com o Bolsa Família. O governo Lula está tocando três coisas importantes: crescimento, distribuição de renda e incorporação social. E ainda por cima fez uma política externa independente. Por que acha que ganhamos a Olimpíada? [a escolha do Rio de Janeiro para sede dos jogos, em 2016]. Porque passamos a ter prestígio de fato lá fora".

A entrevista da economista ao Valor Econômico pode ser lida aqui, na integra.

MST denuncia à OEA perseguição política a movimentos sociais

O MST (Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra) denunciou ontem, em Washington, nos Estados Unidos, à Comissão Interamericana de Direitos Humanos, órgão da OEA (Organização dos Estados Americanos), a perseguição política e a criminalização da luta dos trabalhadores rurais pela reforma agrária no país.

A denúncia foi apresentada pelo integrante da coordenação nacional do MST João Paulo Rodrigues, em parceria com o Cejil (Centro pela Justiça e o Direito Internacional) e a CPT (Comissão Pastoral da Terra).

Em outubro, foi instalada no Congresso uma CPI contra o MST. Segundo o movimento, a comissão é uma “represália” ao anúncio do governo federal da atualização dos índices de produtividade. Essa é a terceira CPI contra o MST instalada nos últimos quatro anos. Na semana passada, o MST apresentou denuncia de criminalização na OIT (Organização Internacional do Trabalho).
Clique aqui para ler a íntegra da denúncia à OEA.

quinta-feira, 5 de novembro de 2009

Ipea: em três anos, 18,5 milhões de brasileiros sobem na escala social

O número de brasileiros que ascenderam socialmente entre 2005 e 2008 – passando da classe baixa para a média e da classe média para a alta – foi de 18,5 milhões de pessoas entre 2005 e 2008, de acordo com pesquisa do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) divulgada nesta quinta-feira (5).

De acordo com o órgão ligado ao governo federal, 7 milhões de pessoas passaram para a classe média no período e 11,5 milhões de pessoas ingressaram na classe alta. A pesquisa foi feita principalmente com dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad), do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

O Comunicado da Presidência nº 34 mostra os movimentos recentes na estrutura da sociedade brasileira, com maior ingresso de pessoas nos estratos de renda superiores. Essa mudança se explica pelo aumento da produção e da ocupação da força de trabalho, aliado à reorientação de políticas públicas.

Clique aqui para ler a íntegra do estudo.

Garcia: Brasil ganhou visibilidade mundial por enfrentar desafios

Em entrevista concedida ao jornal espanhol El Pais, o assessor especial para assuntos internacionais da Presidência da República, Marco Aurélio Garcia, falou sobre como será a postura de líderança do Brasil no cenário internacional e também sobre os impasses regionais e mundiais que o País terá que contribuir para administrar, como é o caso do conflito entre Venezuela e Colômbia.
El País: O Brasil está preparado para assumir o lado escuro - crítica, imagem negativa - de ser um líder mundial?
Marco Aurélio Garcia: Tentamos não assumir essa idéia do Brasil como potência por uma questão do que devem ser as relações em nossa região. Fizemos todos os esforços necessários para que se diminua essa imagem de potência, apesar de isso ter nos criado problemas internos como quando não reagimos a certas atitudes belicosas da Bolívia em relação ao gás ou quando assinamos recentemente um acordo com o Paraguai pela eletricidade.

El País: A liderança não é só como um a vê, mas como os demais a veem. E a percepção é de que o Brasil é uma potência que começa a agir como tal.
Garcia: O Brasil ganhou muita visibilidade, sem dúvida, devido à personalidade de Lula e por sua diplomacia, mas essencialmente porque deixamos de ser o país do futuro e enfrentamos os desafios que temos pela frente, especialmente o da desigualdade. É muito importante que no Brasil os governantes não se embriaguem com os sucessos, porque o país sempre teve altos e baixos, o que sempre foi um desastre total. Finalmente as coisas começaram a mudar, e isso se nota.

El País: E, como se não tivesse suficiente destaque internacional, o Brasil vai ocupar um lugar no Conselho de Segurança da ONU em um momento crucial deste, sobretudo com o assunto do Irã e a energia atômica.
Garcia: Nossa posição nesse assunto é insistir em que a energia nuclear iraniana deve servir para fins pacíficos e deve existir um controle da Agência Internacional de Energia Atômica. Mas, sobretudo, é preciso reduzir a tensão. Obama nos disse que acha importante conversarmos com o Irã. Talvez os iranianos escutem de nós coisas que não escutam de outros.

El País: Obama dá mais atenção a América Latina que Bush?
Garcia: Os movimentos da diplomacia de Obama ainda são contraditórios. Por exemplo, em relação a Cuba e a Honduras. Quanto ao que aconteceu com a Colômbia e as bases [cedidas aos EUA], não nos parece correto. Não podemos impedir que a Colômbia tome suas decisões, mas há necessidade de garantias de que não ocorrerá um desequilíbrio na região.

El País: Mas até agora se considerava que esse desequilíbrio vinha mais de Chávez.
Garcia: Sempre apostamos nas soluções dialogadas: por exemplo, seria muito interessante que a Venezuela e a Colômbia acordassem um sistema de vigilância conjunta de sua fronteira comum. E eu não excluiria um pacto de não-agressão.

El País: E que papel tem o Brasil?
Garcia: Para a monitoração conjunta, ajudaríamos com meios técnicos, como aviões de vigilância.

quarta-feira, 4 de novembro de 2009

Josefa Maria da Silva, parteira quilombola, um exemplo

Josefa Maria da Silva é parteira há 55 anos e ama o que faz. Jamais ganhou um centavo pelo seu trabalho mas isso nunca foi motivo para desistir. Sem saber ler ou escrever, a sergipana Zefa da Guia, como é conhecida, já ajudou no parto de mais de 5 mil brasileiros. Com os conhecimentos dos seus ancestrais quilombolas, faz partos de mulheres que vivem em locais isolados ou em pequenas comunidades, onde os médicos não vão. Vive em Serra da Guia, um quilombo de cerca de 200 famílias do município de Posto Redondo de onde tirou o sobrenome que gosta de usar.
Pela relevância do seu trabalho, foi escolhida para representar os movimentos sociais da saúde no palco do Congresso Brasileiro de Saúde Coletiva, em Olinda (PE), ontem (3/11) ao lado do presidente Lula. Josefa participou do Congresso como integrante da Tenda Paulo Freire, que agrupa líderes comunitários que lutam por melhores condições de acesso à saúde.

O Blog do Planalto conversou com a Zefa para saber um pouco mais sobre sua história e sua luta, confira:

Na contramão de outros países, salários no Brasil sobem mais

O Brasil é um dos poucos países onde os salários têm aumentado mais em termos reais, enquanto declinam na maior parte dos outros países, mesmo com os sinais de recuperação econômica global, avalia a Organização Internacional do Trabalho (OIT).

O crescimento mundial dos salários declinou de 4,3% em 2007 para 1,4% em 2008, em termos reais, com o corte das horas trabalhadas e pode ser ainda pior este ano, segundo estudo da entidade.
Já no caso do Brasil, a OIT calcula que o país registrou o maior crescimento real de salários entre oito dos países que fazem parte do G-20, e também fez um dos maiores aumentos no salário mínimo.

O aumento médio foi de 2,8% do salário real em 2008, enquanto o México ficou na lanterna, com queda de 3,5% no mesmo período. O salário mínimo teve o sétimo maior aumento na categoria entre os países examinados, com alta real de 6%.


Segundo a OIT, no primeiro trimestre o ritmo de expansão dos ganhos caiu no país, mas a situação se estagnou no segundo trimestre e se espera alta de salários de novo no segundo semestre.

“O Brasil está num círculo vicioso, as políticas econômica e social dão resultado e isso se reflete nos salários”, disse o economista Patrick Belser. Em entrevista à imprensa, ontem, em Genebra, a OIT colocou de fato o Brasil no centro da discussão, como um dos melhores resultados em meio à crise global.

Comparado com a média de 2008, a alta de salários mensais reais no primeiro trimestre deste ano caiu pela metade em mais de 35 países. Dados sobre o desemprego indicam que a pressão sobre os salários vai aumentar no futuro.
(fonte:O Estado de S. Paulo)

terça-feira, 3 de novembro de 2009

Pinguelli destaca papel do Brasil na discussão sobre mudança climática

O secretário-executivo do Fórum Brasileiro de Mudanças Climáticas, Luiz Pinguelli Rosa, destacou hoje a importância do Brasil para a discussão das mudanças climáticas, tema de uma conferência da ONU no mês que vem, na Dinamarca. Segundo Pinguelli, o grande problema, agora, são os países desenvolvidos, que não querem assumir compromissos de redução em suas emissões de gases do efeito estufa. Pinguelli reuniu-se hoje com o presidente Lula para tratar da proposta que o Brasil levará à reunião da ONU. Antes da audiência com o presidente, ele concedeu uma entrevista ao Blog do Planalto que pode ser vista abaixo:


Setor produtivo está mais confiante na economia brasileira

O setor produtivo está mais confiante na economia brasileira, segundo o Sensor Econômico referente ao mês de setembro, calculado pelo Ipea. O indicador atingiu, no mês passado, 26 pontos em uma escala que vai de -100 a +100. Portanto, situa-se na faixa de confiança. O destaque desta edição do Sensor ficou a cargo do índice Contas Nacionais, que teve o maior crescimento dentre os quatro aspectos componentes do indicador – os demais são Parâmetros Econômicos, Desempenho das Empresas e Aspecto Social.

Apesar de representar a sétima alta seguida no Sensor, a elevação em setembro foi inferior à observada em meses anteriores. A melhoria da expectativa sobre as contas nacionais se deu, em grande parte, devido à evolução nas previsões para a produção industrial, que agora se aproximam da avaliação feita para os setores agropecuário e de serviços. As expectativas para variação do PIB e variação das exportações também tiveram melhorias significativas.

Clique aqui para ler o estudo na integra.

Um réquiem para FHC

As palavras são as armas. E foi acreditando em sua capacidade de manejá-las com destreza que Fernando Henrique Cardoso tentou atacar o presidente Lula em seu artigo publicado no jornal O Globo, do último domingo. Em sua vaidade desmedida, imaginava-se escrevendo um texto inaugural, um manifesto histórico capaz de desvendar a cena política, retirando a oposição do estado letárgico em que se encontra. O efeito foi exatamente o contrário.

O texto mal escrito, sem sentido em muitos parágrafos, revela um erro de cálculo político sem precedentes. Contrariando seus aliados, que desejavam vê-lo distante da campanha do PSDB para presidente em 2010, FHC trouxe para o próximo pleito a comparação entre a política econômica do governo e a da gestão petista: a única polarização que a direita não queria. Imaginando-se um estrategista, virou um fardo pesado para as possíveis candidaturas de José Serra e de Aécio Neves. Triste para o prestigiado sociólogo, deplorável para o experiente político.
O texto acima faz parte de um artigo escrito pelo sociólogo e professor Gilson Caroni Filho. Clique aqui para ler a íntegra.