sexta-feira, 13 de novembro de 2009

O blecaute e o apagão na memória da oposição

Em artigo, o professor Gilson Caroni Filho critica a oposição por tentar vincular o blecaute ocorrido na última terça-feira (10) com o apagão de 2001 do governo FHC, que durou meses e prejudicou milhões de famílias brasileiras. "Ao querer transformar a queda de energia, causada por uma falha tripla nas linhas de transmissão de Furnas, no “apagão do governo Lula”, a oposição, com apoio da grande imprensa corporativa, mostra a estreita margem de ação que restou ao antigo bloco de poder do governo tucano. Reacender o Clube da Lanterna, fundado por Carlos Lacerda, em 1953, para combater o governo Vargas só amplia o blecaute em que vive a direita após duas derrotas em eleições presidenciais. De antemão é uma aposta perdida. Uma comemoração tão grotesca quanto fugidia", diz o professor.

"Quando lideranças do PSDB, DEM e PPS se unem no Congresso para dizer que o episódio serviu para demonstrar o fracasso da política energética do governo petista, o discurso político cede lugar à farsa burlesca, ao lançamento inoportuno de afirmações que, por grotescas, surtem efeito contrário ao pretendido por seus autores. Rememoram um passado recente, estabelecendo padrões de comparação que lhes são extremamente desfavoráveis. Mais uma vez, a direita, ignorando a posição em que se encontra, mira no horizonte e atira no próprio pé. Um embuste que ignora a massa crítica acumulada por diversos debates sobre crise energética no governo anterior. Em todos há um denominador comum: a responsabilidade pela ineficiência de energia elétrica se devia a erros de gestão da então administração federal."

Leia aqui a integra do artigo.

The Economist e a ascensão econômica do Brasil

O Brasil decola. Esse é o título da reportagem especial publicada ontem pela revista inglesa The Economist, que traz na capa uma foto do Cristo Redentor impulsionado por um foguete. Na edição especial, com oito reportagens sobre negócios e finanças no País e mais um editorial, a Economist afirma que o Brasil "entrou em cena no palco mundial" e vai se tornar a quinta maior economia do mundo até 2014. E, depois de ser subestimado por anos, o País hoje supera os outros Brics em vários quesitos.
A revista diz que, se em 2003 a inclusão do Brasil no grupo de emergentes BRICs (Brasil, Rússia, Índia e China) surpreendeu a muitos, hoje ela se mostrou acertada, já que o País vem apresentando um desempenho econômico invejável.

A Economist afirma também que o Brasil chega a superar outros Bric. “Ao contrário da China, é uma democracia, ao contrário da Índia, não possui insurgentes, conflitos étnicos, religiosos ou vizinhos hostis. Ao contrário da Rússia, exporta mais que petróleo e armas e trata investidores estrangeiros com respeito.”
"O País está passando por seu melhor momento desde que um grupo de navegadores portugueses chegou às costas brasileiras, em 1500", diz outro artigo sobre o Brasil, na revista. "O Brasil já havia sido democrático antes, havia tido crescimento econômico e baixa inflação, mas nunca essas três coisas ao mesmo tempo."Mas a publicação inglesa alerta para as armadilhas à frente. "Da mesma maneira que seria um erro subestimar o Brasil, também é um erro ignorar suas fraquezas", adverte. "Muito dinheiro do contribuinte está sendo gasto nas coisas erradas" e há pouco investimento público e privado.
Em artigo (opinião), a Economist diz que o Brasil costumava ser uma promessa, mas agora começa a se tornar realidade. O País não passou incólume pela recessão, mas está entre os últimos a entrar e os primeiros a sair. A revista ainda diz que o Brasil deve crescer 5% em 2010, mas a taxa deve se acelerar à medida que os campos de petróleo comecem a produzir e os países asiáticos continuem consumindo alimentos e minerais do Brasil. "E algum momento antes de 2014, o Brasil vai se tornar a quinta maior economia do mundo."

Clique aqui para ler a íntegra do texto em inglês.

quinta-feira, 12 de novembro de 2009

Valter Pomar: "Se dependesse da oposição, Brasil teria aderido à Alca"

Com o governo Lula, o Brasil ocupou um novo papel no cenário internacional. Em lugar de uma política externa submissa aos interesses estrangeiros, em especial dos Estados Unidos, o País passou a imprimir outra orientação, independente, soberana, com foco no multilateralismo e na integração regional. A avaliação é do secretário de relações internacionais do PT, Valter Pomar. Em entrevista exclusiva ao site PT na Câmara, ele destacou que, com Lula, o Brasil manteve as relações com parceiros tradicionais, mas ampliou-as para os países do Sul.

Ele destaca: "A dimensão comercial de nossa política externa e, de maneira mais geral, os reflexos econômicos de nossa política interna, constituem um aspecto importante, quando se trata de debater nos termos em que os tucanos gostam. Ou seja: foi sob a hegemonia de nossa política, não da política deles, que o Brasil diversificou mercados e ampliou exportações. Mas o fundamental de nossa política não é o quanto conseguimos aproveitar as oportunidades de um mundo que está em crise. O fundamental de nossa política é se estamos contribuindo para criar um mundo diferente deste que está em crise. Neste sentido, a dimensão estratégica de nossa política externa está na integração, no multilateralismo, nas relações Sul--Sul, em nossa presença na África e junto aos países árabes; estrategicamente, tudo isto importa muito mais do que as relações comerciais estrito senso".
Clique aqui para ler a íntegra da entrevista.

Blecaute de terça foi um evento raríssimo, diz presidente da EPE

O sistema elétrico brasileiro é bom e episódios como a interrupção do fornecimento de energia que aconteceu na noite de terça-feira (10/11) em parte do território brasileiro, são raríssimos. Quem garante é o presidente da Empresa de Pesquisa Energética (EPE), Maurício Tolmasquim, que conversou com o Blog do Planalto. Confira:

Produção dos estaleiros nacionais pode crescer 50% até 2011

O Brasil poderá ampliar a capacidade de produção dos estaleiros nacionais em cerca de 50% nos próximos dois anos, prevê Ariovaldo Rocha, presidente do Sindicato Nacional da Indústria da Construção e Reparação Naval e Offshore (Sinaval). Rocha disse que é viável ter capacidade de 900 mil toneladas de processamento de aço nos estaleiros do país no fim de 2011 ante 600 mil toneladas hoje em 22 de pequeno e grande porte.
“Precisamos mais 300 mil toneladas de capacidade adicional. Isso quer dizer mais três novos estaleiros de 100 mil toneladas cada”, disse. O presidente do BNDES, Luciano Coutinho, disse ao Valor, em Londres, na semana passada, que há interesse do banco em financiar a construção de mais dois estaleiros.

Rocha, do Sinaval, citou projetos em estudo que poderiam contribuir para aumentar a capacidade. Um deles é o do Estaleiro da Bahia, envolvendo OAS e Setal. Outro é o empreendimento do Estaleiro Ilha S.A (Eisa), do grupo Synergy, de Germán Efromovich, previsto para Maceió (AL). Rocha citou ainda a possibilidade de instalação de um novo estaleiro pelos sócios do Estaleiro Atlântico Sul (EAS).

Carlos Reynaldo Camerato, conselheiro do EAS, disse que está em análise a criação de uma outra empresa focada na construção de “topsides” para plataformas. Essa unidade poderia ser instalada em Suape (PE), onde fica o EAS, ou em outro Estado.

Rocha também citou entre os novos projetos de estaleiros o da OSX, empresa do grupo EBX, de Eike Batista, em Biguaçu (SC). Mas ele lembrou que esse é um projeto que nasce para atender, preferencialmente, a demanda da empresa de produção de petróleo de Batista, a OGX.
(Fonte: jornal Valor Econômico)

quarta-feira, 11 de novembro de 2009

"Para onde não vamos", uma resposta de Candido Mendes a FHC

O texto abaixo, de autoria de Candido Mendes, foi publicado na Folha de S.Paulo desta quarta-feira. É uma resposta a um texto do ex-presidente FHC:

"O ARTIGO do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso ("Para onde vamos") revigora todo o debate político nacional, tirando as oposições de sua presente e contundente mediocridade. Amplo no propósito e na riqueza polêmica, parte da afirmação de que tudo que é bom no atual governo já veio de antes e que o mal de agora apenas começa.Há, sim, confronto radical entre os dois regimes, ao contrário do que diz, e os tucanos abriram o país à globalização privatista hegemônica, enquanto o petismo vai hoje, com a melhoria social do país, à recuperação do poder do Estado, numa efetiva economia de desenvolvimento sustentável.
A legislação do petróleo, em projeto que ora assaca ao governo o ex-presidente, quer corrigir os efeitos da emenda constitucional de 1995, que desfigurou o monopólio do petróleo da Carta do dr. Ulysses num regime de concessão que, inclusive, entrega aos exploradores do subsolo nacional "a propriedade" do óleo extraído.A partilha, sim, é o novo instrumento, nada "mal-ajambrado", em que volta, por inteiro, ao Estado o direito aos proventos dessa extração, ampliando sua destinação social imediata. Diga-o, agora, a Noruega, o país mais desenvolvido e democrático do mundo, que, exatamente, adotou esse regime nas suas riquezas do mar do Norte, deixando as concessões no cemitério das ideologias liberais capitalistas de há uma vintena.
O governo Lula reassegurou a presença do Estado para a efetiva mudança da infraestrutura, que pede o desenvolvimento, atrasado durante o progressismo liberal do PSDB, como mostravam os primeiros resultados do PAC, a contemplar entre os seus principais beneficiários, inclusive, o governo de São Paulo.O país não frui ainda, claro, o programa Minha Casa, Minha Vida, mas sabe que o Bolsa Família colocou a população de uma Colômbia na nossa economia de mercado.
Claro, também enfrentamos o risco da absorção corporativa sindical no controle dos recursos públicos.Mas essa é etapa adiante da página que se virou de vez, ou seja, do retorno ao controle pelo status quo, sob a ideologia social-democrata, de autolimitação do poder do Estado ou da crença dos progressismos espontâneos, sem dor para o país instalado, como professa a oposição a Lula.
O embaraço do tucanato em reconhecer o "entreguismo" dos controles públicos durante o seu governo é o mesmo que o alvoroça a assimilar o governo Lula ao "populismo autoritário peronista".São comparações regressivas, que não se dão conta da experiência única da chegada do "outro país" ao poder, contra o desespero da violência dos "sem-nada", das Farc colombianas ou do Sendero Luminoso, no Peru, e assentou, de vez, uma maioria nacional, consciente de suas opções.Realizar-se ou não o que seja, hoje, na sua originalidade, o "povo de Lula", é a diferença entre o Brasil "bem" e o país da mudança.
O petismo não é o justicialismo peronista, e hoje a nossa consciência coletiva supera o próprio partido, na solidez do que não quer para o futuro.Essa nossa adesão ao novo, aliás, foi adiante, até, da própria legenda e de suas siderações pelas vantagens do poder, nessa matriz de um evento político que torna as futuras eleições tão distintas de uma escolha da hora entre situacionismos cansados e oposições gulosas. E o Brasil potência, tão profligado pelo ex-presidente, é a configuração emergente desse país que sabe que não volta ao berço esplêndido da nação dos ricos.
Mais que a denúncia dos "pequenos assassinatos" a minar "devagarzinho" o espírito democrático, o que entra pelos olhos do Brasil na conduta de Lula é a determinação visceral do governo de não ceder a um terceiro mandato, avassaladoramente acolhível, se assim quisesse o presidente, por emenda constitucional, tal como o governo tucano desfigurou o monopólio do petróleo.No inverso de Chávez, Lula, no seu gesto, reafirma o essencial da democracia, que é o cumprimento das regras do jogo, no que diga a Carta, por maior que seja o poder da hora de quem está no palácio.O ex-presidente pergunta-se, indeciso, para onde vamos. Mas as próximas eleições mostrarão para onde não voltamos, tanto quanto a nação de Lula sabe que, no Brasil, é "o povo como povo" intrinsecamente melhor que as suas "elites como elites".

CANDIDO MENDES , 81, membro da Academia Brasileira de Letras e da Comissão de Justiça e Paz, é presidente do "senior Board" do Conselho Internacional de Ciências Sociais da Unesco (Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura) e secretário-geral da Academia da Latinidade.

terça-feira, 10 de novembro de 2009

Dilma anuncia consenso sobre proposta contra o aquecimento global

A ministra-chefe da Casa Civil, Dilma Rousseff, anunciou nesta segunda-feira que o governo apresentará, até o próximo dia 14, um “objetivo voluntário e consensual” de redução das emissões de gases de efeito estufa na faixa dos 40%, a ser apresentado no encontro mundial sobre as mudanças climáticas, na Dinamarca, em dezembro. O anúncio foi feito depois de uma longa reunião do presidente Lula e vários ministros com cientistas, ONGs e entidades empresariais e de trabalhadores.

“Não estamos muitos distantes disso: 38%, 42%. O número que será apresentado será o factível e ainda faltam alguns cálculos. Só assumiremos o que for realmente possível. E não apresentaremos metas, pois essas devem ser apresentadas pelos maiores emissores), mas sim objetivos voluntários e consensuais”, frisou. Dilma afirmou que durante a reunião na Dinamarca, o Brasil terá uma “posição muito clara” ao afirmar sua condição de ser um dos países mais comprometidos com a energia renovável e a redução de desmatamento.

Segundo Dilma, “as medidas permitirão que o governo esteja bastante forte. Então, já somos um exemplo para o mundo. Mas estamos preocupados que a COP-15 tenha ganhos. O fato de anunciarmos um objetivo expressivo não impede que saibamos que os responsáveis são os países desenvolvidos”. A estimativa de corte nas emissões de CO2 leva em consideração um crescimento econômico entre 5% e 6%, mas, segundo Dilma, o maior desafio para o governo será na projeção da manutenção da taxa de energia renovável no país. “Estamos assegurando que uma coisa (corte nas emissões) não afete a outra (o desenvolvimento)”, disse Dilma.

“Não importam os nomes, se metas, se objetivos. O importante é que, pela primeira vez, o governo não desmaiou ao ouvir nosso pedido de 40% de redução. E o número ficará em torno disso”, disse José Pinguelli Rosa, secretário-executivo do Fórum Brasileiro de Mudanças Climáticas e que coordenou o consenso entre as várias organizações presentes. Pinguelli frisou: ”Temos que avaliar também que milhões de brasileiros querem luz elétrica, casa. Ou querem que a gente mate essa gente pobre que começa a emergir socialmente no país? Por isso se projeta 40% com o crescimento até 2020. Os números do governo e do consenso são realistas. Falar outra coisa é imbecilidade”. disse Pinguelli

Redução da jornada e civilidade no trabalho

Empresários são contrários à redução da jornada máxima de trabalho no país por ideologia e visão fragmentada da economia, avalia Cássio Calvete, economista do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese). O pesquisador contesta dados listados pela Federação da Indústria do Estado de São Paulo (Fiesp) na sexta-feira (6). Para ele, medida traz patamar de civilidade ao mercado de trabalho.

Em nota, a Fiesp sustenta que a redução da jornada não irá gerar empregos e aumenta excessivamente os custos para as empresas, especialmente as de médio e pequeno porte (com menos de 100 funcionários). O texto alega ainda que países que adotaram a medida não tiveram sucesso na criação de empregos, além de que outros países em desenvolvimento ("que concorrem" no mercado global").

Tramita na Câmara dos Deputados a Proposta de Emenda Constitucional 231/95 que reduz de 44 para 40 horas semanais a jornada máxima de trabalho. Em julho, a Comissão Especial que discutia a matéria aprovou relatório do deputado federal Vicentinho (PT-SP) (foto) por unanimidade. Desde então, centrais sindicais pressionam e fazem campanha para que o texto seja votado.

Leia a íntegra da entrevista com Cásio Calvete no site da Rede Brasil Atual.