Cândido Vaccarezza
Em apenas dez anos, os governos Lula e Dilma Rousseff promoveram uma verdadeira revolução silenciosa no país: cerca de 40 milhões de brasileiros que antes viviam completamente à margem da sociedade, entraram no mercado consumidor. A política econômica desenvolvimentista e os programas sociais, como o Bolsa Família, Brasil Carinhoso, Brasil sem Miséria e Minha Casa, Minha Vida, entre outros, fizeram com que o Brasil, que tinha boa parte da população vivendo abaixo da linha de pobreza, virasse um país de classe média.A mobilidade social ocorrida nesta década pode ser medida pelos dados da pesquisa “Observador Brasil”, realizada pela empresa Cetelem BGN-IPSOS – braço do banco francês BNP Paribas. Em 2005 62.702.248 pessoas integravam a classe C, enquanto que as classes D e E perfaziam 92.936.688 pessoas. Mas em 2011, a Classe C cresceu para 103.054.685 pessoas; já as classes D e E encolheram para 45.243.748 pessoas. Em termos de porcentagem, isso significa que a classe C cresceu 62% e as classes D e E sofreram redução de 49%. Até as classes A e B, que em 2005 tinham 26.421.172 pessoas, aumentou para 42.434.261 em 2011, o que corresponde a um aumento de 60%.
Outro dado importante para auferir as transformações ocorridas no país nesta última década é o índice GINI, que mede a distribuição de renda do país e vai de zero (mais igual) a um (menos igual). Ele era de 0,585 em 1995, foi a 0,563 em 2002 e caiu para 0,501 em 2011.
Em uma década os governos Lula e Dilma mudaram a face do país. Quando Lula assumiu a Presidência da República em 2003, o Brasil estava em crise e preocupado com o futuro. A inflação, que os tucanos se gabavam de ter controlado, batia em 12,5%; a taxa Selic atingia espantosos 45%; o dólar valia mais de R$ 4,00, em dezembro de 2002; o desemprego era de 12% e o risco país ultrapassava 2.400 pontos. Além disso, tínhamos uma dívida externa de US$ 200 bilhões e reservas de apenas US$ 36 bilhões. Sem contar o apagão e o racionamento de energia elétrica.
Hoje, depois de uma política que priorizou o desenvolvimento econômico com geração de empregos e distribuição de renda, a inflação baixou para 6%; a taxa Selic caiu para 7,5%; o câmbio está estabilizado em R$ 2,00; temos reservas de U$$ 318 bilhões o risco país caiu para 130 pontos – a ponto de ninguém mais se lembrar dele. Mais importante, nestes dez anos foram criados nada menos que 17 milhões de empregos com carteira assinada. Uma verdadeira proeza, visto que o governo anterior criou apenas cinco milhões de empregos em oito anos. E hoje, com uma taxa de desemprego de 4,6%, o Brasil está numa situação que os economistas classificam como “de pleno emprego”.
Nestes anos, a participação da massa salarial no PIB subiu de 46,3% em 2003 para 51,4% em 2009 (último ano com dados disponíveis). Tal mudança foi possível graças a uma política de aumento real do salário mínimo. Em 2003, ele era equivalente a pouco mais de US$ 50 e correspondia a 1,3 cestas básicas no estado de São Paulo; hoje, é capaz de comprar 2,13 cestas básicas, equivalendo a mais de US$ 300.
Estes resultados são fruto da opção que fizemos por abandonar uma política elitista, que privilegiava o rentismo e a concentração de renda e trocá-la pela opção estratégica pelo desenvolvimentismo com inclusão social.
Cândido Vaccarezza é deputado federal (PT-SP)
(texto originalmente publicado no jornal Brasil Econômico em 12/03/13)
Nenhum comentário:
Postar um comentário